Analistas veem impacto positivo na economia local com isenção de remessas internacionais, mas alertam sobre qualidade em e-commerces como Shein.
Ontem, quinta-feira (30), foi anunciado que o governo estadual fechou um pacto com diversas entidades para aplicar uma taxa de 15% de tributação nas encomendas vindas do exterior no valor de até US$ 70, que atualmente não são tributadas. Será que essa medida trará benefícios significativos para os varejistas locais, que enfrentavam desafios com a competição de marcas internacionais como Amazon e Alibaba?
Essa decisão certamente impactará as lojas físicas e as companhias de comércio eletrônico, que agora terão que se adaptar a essa nova realidade tributária.
Impacto da Taxação nas Varejistas Locais
De acordo com especialistas, a decisão de taxar remessas internacionais isentas deve trazer benefícios para as empresas locais no curto prazo. No entanto, é necessário cautela ao analisar os possíveis reflexos dessa medida na economia e nos juros.
Julia Monteiro, analista da Mycap, destaca que em períodos de incerteza financeira, os consumidores tendem a buscar produtos de menor qualidade, mas alinhados com as tendências da moda. Essa demanda é frequentemente suprida por e-commerces como a Shein, conhecida por seus preços competitivos.
A taxação das compras nessas empresas estrangeiras pode impulsionar as varejistas de moda locais, como Lojas Renner, Marisa e Guararapes. Essas companhias devem se beneficiar da medida, uma vez que as lojas estrangeiras serão as impactadas pelas taxas.
É importante ressaltar que os custos adicionais decorrentes da taxação não serão absorvidos diretamente pelos consumidores. No entanto, as empresas estrangeiras podem optar por repassar esses encargos aos clientes, o que poderia resultar em um aumento nos preços dos produtos comercializados por elas.
Nesse cenário, as empresas brasileiras têm a oportunidade de recuperar sua competitividade no mercado. Varejistas como Americanas e Magazine Luiza também devem se beneficiar da medida, especialmente diante da concorrência de e-commerces estrangeiros, como a Shopee.
Para Bruno Benassi, analista da Monte Bravo, as varejistas de moda, como C&A e Renner, serão as mais impactadas positivamente inicialmente. A taxação nivelará o campo de atuação entre as empresas locais e as estrangeiras, trazendo benefícios para as primeiras.
Benassi destaca que empresas como Shein e Shopee estão considerando expandir suas operações para o Brasil, o que intensificaria a competição no setor. Essas companhias possuem estratégias de marketing e ofertas bem estabelecidas, o que pode desafiar as empresas brasileiras a aprimorarem suas práticas nesses aspectos.
Por outro lado, a taxação das remessas internacionais isentas pode acarretar em efeitos colaterais, como um possível aumento da inflação. Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, alerta que o aumento de impostos pode gerar pressão inflacionária, afetando indiretamente as varejistas no longo prazo.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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